O HOMEM TAMBÉM SOFRE ASSÉDIO SEXUAL.
Por: Maria José Gonçalves (Tia
Nem)
Em conversa com um amigo, ele
me indicou uma pesquisa feita em Lisboa, desenvolvido por uma equipe do Centro
Interdisciplinar de Estudos de Gênero do Instituto Superior de Ciências Sociais
e Políticas da Universidade de Lisboa, liderada pela cientista Anália Torres,
onde nos fala que, mais de 1,5 milhões de pessoas, são vitimas de assédio moral
ou sexual no seu trabalho. Claro que o estudo nos dá um recorte do que acontece
em Portugal, no entanto o que me surpreendeu foi a que mais de 30% desses um
milhão e meio, o assédio é, também, dirigida ao homem. Percebi, que os homens
quando são alvo de assédio sexual no trabalho, ficam mais passivos do que as
mulheres: os homens não sabem como reagir e muitos deles preferem fingir que
não está acontecendo. O estudo realizado, também descobriu, que até a 25 anos
atrás, os assédios no ambiente laboral, não abrangiam os homens como vitimas.
Sabemos que o assédio sexual e
moral continua atingindo as mulheres, no entanto notamos que ao longo deste
quarto de século, a mulher começou a denunciar publicamente os constrangimentos
sofridos no seu local de trabalho, o que não acontece com os homens, que
preferem permanecer em silêncio diante da situação. No estudo, pude observar
que 52% das mulheres demonstram imediatamente a sua indignação com a situação
apresentada, enquanto apenas 31% dos homens o faz. Acontece que a maioria dos
homens levam a coisa na brincadeira e faz de conta que não percebem o que está
ocorrendo.
Uma das explicações que mais
foi ouvida, no estudo feito, é a preocupação que o homem tem, em manter o seu
emprego. Uma preocupação maior do que os das mulheres. No entanto 73% dos
homens falaram, que delatar que estão sendo vitimas de assédio no trabalho,
principalmente se a chefe for uma mulher, pode ser entendido, pelos amigos,
como uma manifestação de fraqueza, o que pode afetar a sua masculinidade e até
mesmo a sua sexualidade, passando a ser alvo de escárnios, piadas, por parte de
outras pessoas. O estudo ainda nos fala que, no caso dos homens, o assedio, nem
sempre vem do seu superior hierárquico ou de alguma chefia superior, no caso
dos assedio ao sexo masculino, os assédios está mais dispersos, e podem vir de
colegas em vários níveis.
A autora do estudo sinaliza,
que em 1/4 das situações que ela identificou através das pessoas entrevistadas,
é que mesmo fazendo de conta que nada está acontecendo, os assediados, sofrem
com a situação, o que provoca muita tensão, estresse, e pouca vontade de voltar
ao trabalho. O que posso falar para os homens que estão passando por esse tipo
de situação é o seguinte: não se sintam culpados, crie provas contra a pessoa,
escreva uma carta ao assediador (seja homem ou mulher) e envie pelo correio, ou
passe um e-mail, não apague mensagens, nem os áudios recebidos, não ignore um assedio
na esperança que seja algo passageiro, isso pode se tornar uma obsessão e ser
muito pior. Proteja-se, você é homem, e não precisa passar por constrangimento
para provar quem você é.
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